Um amigo meu me pediu para que eu
escrevesse uma matéria sobre dicas para quem quer iniciar a prática do
ciclismo/MTB. Não tenho expertise na matéria, nem tão pouco vasta experiência
sobre o assunto, a não ser a pouca experiência que adquiri do início de minha própria
jornada até aqui, mas li alguma coisa a respeito e usarei isso a meu favor.
Cometi alguns erros quando comprei a minhas primeiras bikes, talvez pela falta
de leitura sobre o tema ou pela ansiedade de logo começar a pedalar, mas o fato
é que usando um pouco do que vivi e muito do que os outros me ensinaram,
talvez, seja possível escrever algo útil para os iniciantes. Assim, vamos lá.
Acho que o primeiro erro que
cometi, quando comprei a minha primeira bike, foi o de não definir corretamente
qual seria o objetivo que eu teria para ela (ou para mim). Digo logo, aqui, qual
foi o erro: comprei a minha primeira bike, uma “full suspension” (muito ruim),
para andar na rua, no asfalto (isso, há mais de 10 anos). Parece que demorei a
aprender, pois cometi esse mesmo erro (de uma forma diferente e mais recentemente)
uma segunda vez: comprei uma segunda bike, tipicamente urbana, e logo quis me
aventurar pelas trilhas de ao redor de minha cidade.
Então, para não comprar uma bike
que não atenda às suas expectativas, deve-se saber para que se quer a bike a
ser comprada! Logo, se você que uma bike para mobilidade urbana, compre uma com
esse propósito. Se você quer se aventurar em “off-road”, fazer trilhas, andar
nos estradões, praticar MTB, então compre uma MTB. Se você quer andar em alta
velocidade, ir longe, e só curte asfalto, talvez seja o caso de se ter uma “speed/road
bike”. Assim vai.
Outra coisa que acho interessante
de se pôs às claras, e logo agora, é o que você pretende se tornar. Você que
andar apenas de vez em quando, duas vezes por semana, ou quer ser um atleta (entusiasta
ou amador)? O ruim de se decidir isso logo de cara, antes de sequer ter
comprado a bike, é a incerteza: como eu vou saber disso? Bom, conheço muitas
pessoas que disseram que queriam uma bike para andar de vez em quando e se
viciaram no esporte (eu mesmo sou uma delas), pedalando de 4 a 6 dias por
semana. É viciante! Conheço, também, quem comprou uma bike relativamente cara e
boa, com intenções de pedalar muito (se tornar um atleta) e passou a usa-la
cada vez menos, até o ponto de não mais sair de casa de bike.
Outro ponto é o orçamento. Você
deve saber quanto quer (ou pode) gastar. Há bikes de menos de R$ 1.000,00
(tipicamente para mobilidade urbana e lazer sem compromissos), passando por
bikes de R$ 3.000,00-5.000,00 (bikes de entrada nos segmentos, para pessoas que
estão levando a coisa com mais seriedade) e até bikes de R$ 10-50 mil (aqui
para quem é atleta amador/profissional ou tem dinheiro de sobra para comprar o
que se quer). O céu é o limite!
Aqui a primeira dica: se você tem
um orçamento reduzido (limitado) e não tem certeza se vai ser mordido pelo “bixinho
do ciclismo” (e ficar viciado), não gaste muito dinheiro, mas compre uma bike
de acordo com o que você vai fazer (mobilidade/lazer, MTB ou estrada). Compre, experimente,
use e abuse, e se você quiser dar o próximo passo, troque de bike mais à
frente.
Resumindo até aqui: (1) definir
para que você quer comprar uma bicicleta; (2) definir o uso que pretende fazer
da bike; (3) Identifique o seu perfil; (4) defina o seu orçamento.
Aqui um link (http://www.escoladebicicleta.com.br/bicicletatipos.html)
para se saber mais sobre os diferentes tipos de bikes. Também vale a pena
conhecer sobre as modalidades do ciclismo. Neste link (http://www.praquempedala.com.br/blog/quero-comecar/)
você terá uma breve descrição (bem básica) das modalidades. Para uma descrição
mais completa e complexa das modalidades visite http://www.travinha.com.br/esportes-radicais-e-aventura/70-ciclismo/109-ciclismo-as-modalidades.
Como eu disse, cometi erros de
principiante por ter sido muito afoito na escolha da bike e de ignorar a
necessidade de leitura. Por isso, o 5° item no seu “checklist” deve ser: pesquise!
Leia bastante sobre o assunto e troque ideias com quem pedala. Quanto mais
informações reunir sobre o tema, melhor será na hora de decidir pela compra. Um
dos erros que cometi foi ter ignorado que bike não vem em tamanho único. Para
cada pessoa, dada sua altura, flexibilidade, tamanho dos membros e medidas antropométricas,
há um tamanho adequado do quadro da bike. Há muitas informações desencontradas
sobre como se deve escolher o tamanho do quadro de sua bike. Há desde relações
que usam apenas em conta a sua altura (e nada mais) e de acordo com essa
altura, dão-lhe um tamanho do quadro. Veja por exemplo o link (http://www.bikemagazine.com.br/2011/11/tamanho-correto-quadro/).
Mas a melhor maneira de escolher o tamanho do quadro é pela realização de um
bikefit.
O bikefit é nada mais que o ajuste perfeito da bicicleta para o
ciclista, levando em conta suas características únicas da anatomia e
biomecânica. Há profissionais renomados que são especialistas nessa “ciência” (http://www.marcelorocha.com/) e que
podem ser consultados para uma correta escolha não só do tamanho do quadro, mas
de todas as partes (tamanhos dessas) da bike em si. Aqui o orçamento e o seu intuito
na aquisição da bike entram em voga novamente. Se você vai gastar uma bela
quantia (digamos mais de 20 mil) e tem objetivos mais atléticos quanto a
pratica do ciclismo, talvez seja mandatório a realização de um bikefit completo
com um bom profissional, o que lhe custará muito pouco (R$ 200-450,00) em
relação ao preço da bike e determinará a escolha mais adequada. Se não for o
caso, há uma matéria em nosso blog (http://bikevasf.blogspot.com.br/2015/06/como-fazer-um-bikefit-caseiro.html)
de como fazer um bikefit caseiro e também indico ver suas medidas e usa-las
para um bikefit virtual (http://www.competitivecyclist.com/Store/catalog/fitCalculatorBike.jsp#type),
isso lhe permitirá ter ideia do tamanho de sua bike nova.
Uma coisa que devemos saber, é
que o tamanho das rodas influencia na escolha do tamanho do quadro. Para MTB
temos três tamanhos de rodas: 26”, 27,5” e 29” (diâmetro em polegadas). Veja
aqui (http://www.revistabicicleta.com.br/bicicleta.php?mito_da_bike_29__qual_o_tamanho_ideal_para_voce?&id=2421).
Qual a influência do tamanho das rodas no tamanho do quadro? Eu, particularmente,
tenho três bikes: uma urbana-mutante (puxada para o MTB) de aro 26”; uma
Road-bike (de estrada) com aros 700C (equivale a 26,3”); e uma MTB full
suspension 29”. Isso faz com que o tamanho do quadro, para minhas medidas,
varie de bike para bike. O quadro, medido do eixo do movimento central até o início
do canote do selim (medida C-T: vide imagem)
para a bike de roda 26” tem o
tamanho 18” (polegadas), o para a roda 29” tem tamanho 17,5” e para a
speed/road (700C) tem o quadro de tamanho 52 cm (uma peculiaridade desse tipo
de bike é que as dimensões são dadas em ‘cm’ em não em polegadas). De toda
forma e de uma forma geral, as minhas bikes são de tamanho “M” (médio). Aqui,
na minha opinião, uma matéria que fala muito bem das diferenças entre tamanhos
das rodas de MTB, escrita por um especialista na área (http://www.marcelorocha.com/1935/Noticias/26275Ou29_211652/).
Neste ponto, vou inserir algumas impressões
pessoais sobre o processo, recapitulando um pouco o que já foi dito. Na minha
primeira experiência com as duas rodas (há mais de 10 anos) eu tinha intenções
de possuir uma bike barata para mobilidade e lazer (fiz lambança na escolha) e
ela não me serviu para isso. Vendi a bike depois de poucos meses de uso. Depois,
mais recentemente, queria praticar um esporte (agora sem intenções de
mobilidade), perder peso e entrar em forma (fiz uma semi-lambança na escolha da
bike). Com essa segunda bike, que custou R$ 1.000,00, fui melhor sucedido, pois
perdi peso, entrei em “semi-forma” e desenvolvi o gosto por pedalar. Apesar de
ter cometido erros na escolha da bike (errei o tamanho do quadro e o tipo de
bike), o que me fez gastar mais uma grana para “modificar” a bike de tal forma
que a pudesse usar para o meu intento, usei-a por mais de dois anos e só recentemente
tive novas aquisições. Dessa vez, escolhi as bikes com base em tudo que li, não
cometendo os erros do passado, determinando a finalidade desejada para as bikes
e o meu intento para com as mesmas. Eu queria uma bike de estrada para os treinos semanais, que seriam só no asfalto, e uma
MTB full suspension para a prática de XCM (cross-country marathon), que é o
estilo de MTB que eu mais me identifiquei. Investi um valor considerável, mas
que não fosse exorbitante, afinal sou um entusiasta, um atleta amador e não um
profissional, mas que me garantisse qualidade e confiabilidade nas minhas
bikes. Ainda estou muito incipiente como atleta, mas tenho treinado de 5-6 dias
por semana e já comecei a participar das primeiras competições, mas uma coisa
eu digo de certeza: o “bixinho” me mordeu! Não consigo mais imaginar minha vida
sem as bikes e sem pedalar. Tenho muito pela frente (espero). Espero que o mesmo bicho te morda! Vamos pedalar! Nós nos encontramos na estrada.
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