Há pouco mais de um mês, me
tornei o feliz proprietário de uma Merida Reacto 400, uma “road bike”
(bicicleta de estrada), e desde então ela é minha fiel companheira, da terça-feira
a sexta-feira, nos pedais da semana. Pedalo entre 1,0-1,5 horas por dia,
obedecendo uma sistemática de treino que me permite usar até 70% de minha frequência
cardiorrespiratória máxima (isso significa estar em 60-70% da FCmax, chamada de
Zona 2). Bom, obviamente para treinar assim é necessário usar um ciclocomputador
com um frequencimetro, no meu caso um Garmin Edge 1000, e neste caso você
começa a se familiarizar com sua frequência cardíaca (FC) nos vários momentos
do exercício. Não se aborreça ainda com a narrativa técnica, não vou anunciar o
produto nem a sistemática de treino, mas preciso apresentar essas informações
para o que tenho a narrar a seguir. Pois bem, uma coisa que é interessante de
se falar é de como um ciclista que só pedalava de MTB se sente quando
experimenta uma “road bike”, ou “speed” como é mais popularmente conhecida. Tudo
é esquisito no início, você estranha a leveza da bike, como ela é susceptível
ao vento lateral, como os pneus extremamente cheios (100-120 psi) torna bike ‘dura’,
como a falta de suspensão transfere cada impacto gerado das imperfeições e ondulações
do asfalto para o seu corpo, da velocidade que se consegue chegar e
principalmente da posição em que se pedala. Há três pontos, no guidão e adjacências,
onde as suas mãos podem segurar e cada um desses pontos muda a forma de se
posicionar sobre a road bike. Pode-se segurar na barra do guidão, que é a
posição mais relaxada do ciclista, onde o mesmo está com seu tronco o mais
ereto possível, sendo essa a posição menos aerodinâmica possível e a que mais
se parece com a posição do MTB. Pode-se segurar na alavanca do passador de
marchas/freio (do inglês “shifter/brake levers”), que é a posição mais comum, a
em que o ciclista permanece por mais tempo em cima de uma speed e a que obriga-o
a se reclinar para frente de forma a aumentar a aerodinâmica e reduzir o
arrasto aerodinâmico gerado pelo vento frontal. E por fim, pode-se segurar nos “drops”,
que é aquela parte curvada, em forma de gota, da extremidade do guidão das
speeds. Usando os drops o ciclista fica em sua forma mais aerodinâmica sobre a
bike, com menor área de contato com o vento frontal, e fica bastante reclinado
sobre a bike, quase como se estivesse deitado sobre a mesma. Durante esse
tempo, que tenho rodado de speed, poucas vezes cheguei a tocar nos drops e menos
ainda segurei-os de pé na bike, que é essencial para fazer mais força e ganhar velocidade.
Percebi que cada vez que eu desço as mãos da manopla de mudança para os drops a
minha FC aumenta de 10-15 bpm (batimentos por minuto) do nada, denotando que,
provavelmente, ainda não tenho confiança em fazer o uso deles e o pior: tenho
medo de fazê-lo. Sei que isso deve ser motivo de risos para os ciclistas mais experientes
(eu, pelo menos, morro de rir comigo mesmo toda vez que acontece), mas não
posso enganar o meu coração. Cada vez que tento a minha FC aumenta, fico muito
tenso, e provavelmente vai ser assim até eu me acostumar com a posição, com a
ideia de ver o chão tão de perto como quando se está nos drops. Como estou
treinando sozinho, devido aos meus horários, não posso contar com os conselhos
e dicas de ciclistas de estrada mais experientes e assim conto apenas com
minhas impressões. Como para mim tudo é novo, sobretudo de road bike, as minhas
impressões são tudo o que tenho e é aquilo que compartilho aqui. Até mais.
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