terça-feira, 23 de agosto de 2016

Os treinos continuam

Passando aqui para apenas relatar que após a minha participação no "3° Desafio Sertão de MTB (XCM)", na cidade de Cajazeiras-PB, que foi uma prova muito massa, o próximo desafio é o "3° Pró Bike" em Senhor do Bonfim-BA, uma outra prova de XCM. Os treinos continuam. Dessa vez farei uma prova de corrida antes da prova de XCM, a "Wine Run", do circuito Caixa Econômica Federal de corridas, assim tenho que intercalar os treinos de corrida e de MTB durante a semana. Durante a semana, estou treinando 2x corrida e 4x MTB. Depois vou postar um vídeo mostrando como é uma típica semana dessas de treino. A ideia aqui é mostrar que é possível, para um atleta amador e já quarentão, treinar com foco e treinar bem. Já os resultados, bem, esses dependem de cada biotipo, o meu desenvolvimento é lento, assim meus objetivos são sempre "me superar", e assim tenho feito. Fica aqui um rápido vídeo, treinando em um circuito de XCO literalmente ao lado da minha casa. Cada volta tem 2 km. É um bom treino para quem está com pouco tempo disponível e não quer se afastar da cidade. Dar-se quantas voltas for do agrado do ciclista. Aproveitem.


domingo, 21 de agosto de 2016

3° Desafio Sertão de MTB

Pura superação pessoal: assim definirei a minha participação no 3° Desafio Sertões de MTB, minha primeira participação em uma prova de “Cross Country Marathon” (XCM). A prova se fez na cidade de Cajazeiras-PB, cidade onde morei por dois anos antes de vir para Petrolina-PE. Eu estava buscando, no site da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), algumas provas de XCM para participar, num raio de até 500 km daqui, e me deparei com essa em Cajazeiras. Queria experimentar essa modalidade, queria tentar algo novo para mim, pois aqui em nossa região o carro chefe são as corridas de aventura. De imediato fiz minha inscrição, na categoria oficial Master B1 (40 a 45 anos), e comecei a fazer os planos para o treinamento e a viagem. Eu tinha 6 semanas para treinar e de cara percebi que os treinos de subida seriam um problema. A prova teria uma altimetria acumulada de aproximadamente 600 m, em um percurso de 60 km, e aqui, na nossa região, carecemos de desníveis para os treinos, o terreno aqui é muito plano. Só para terem ideia, aqui se anda uns 40-60 km, em quase todos os percursos que temos, para se ter um pouco mais de 100 m de altimetria.
O único local que pode ser usado para treinar é a Serra da Santa, uma pequena elevação (menos de 150 m), que está afastada da cidade alguns quilômetros. Durante os treinos da semana, eu não conseguiria ir treinar na Serra da Santa, pois o tempo que tenho é escasso e mesmo que eu tivesse o tempo necessário seria preciso ir de carro para lá, fazer o treino e voltar, deixando assim a minha esposa sem o carro da família (imaginem só o problema). Fiz um plano de treino onde eu usaria areal como simulador de subida, treinando em uma marcha leve, mas sabia que não seria o suficiente. O treinamento segui os padrões normais: começaria com treinos com intensidade moderada, seguiria para treinos de maior intensidade, treinos técnicos e por fim treinos leves antes da prova. O plano de treino não era o ideal, mas era o que eu tinha e segui-o à risca. Sabia que na prova era onde eu sentiria o quão ele não era o ideal, mas resolvi aceitar o desafio de pelo menos completar o percurso, independente da colocação.
A prova era no Dia dos Pais, domingo, 14 de agosto, e resolvi levar a minha família para me prestigiar. Seria o meu maior presente do Dia dos Pais ter meu filho lá me esperando no pórtico de chegada. Treino feito, bike revisada, malas prontas e tudo mais, então era a hora de viajar. Cheguei no sábado, me hospedei e fui à noite para o congresso técnico, pegar meu kit de atleta e me confraternizar com os demais competidores. Conheci muita gente interessante e até um ciclista que havia sido campeão da Master C no Brasil Ride de 2014, um cara super gente boa. No domingo, acordei cedo, tomei café, me aprontei e fui para o local da largada. 
Estava muito ansioso e não podia ser diferente, pois eu estava eu lá, no meio de gente que era do local e conhecia muito bem o trajeto, gente que já competia XCM há algum tempo, atletas que disputavam o campeonato Paraibano (a prova era oficial e pontuava para o mesmo) e até campeões do Brasil Ride (a prova mais dura de MTB do Brasil). Era a minha primeira prova de XCM e eu sabia que não estava preparado para ela, mas era onde eu queria estar e o que eu queria fazer. A largada deu-se no horário marcado e eu havia escolhido largar no final do pelotão, para evitar o tumulto e quedas, e lá permaneci até o final da competição. Eu ultrapassei alguns poucos competidores, na maior parte ciclistas com problemas mecânicos e com furos nos pneus, mas outros eu passei por conseguir andar um pouco mais rápido, mas depois eles me ultrapassavam novamente e assim se seguia. Percebi que a minha Scott Spark (full suspension) me dava vantagem nas descidas e assim eu os ultrapassava, mas na subida (logo ali na frente) eles voltavam a me passar (minhas pernas não me permitiam subir naquela velocidade).
Teve um momento que foi até estranho, eu fui ultrapassado por uns competidores que eu não me lembrava de tê-los ultrapassados. Eu pensei “como é que eu passo dois e quatro me ultrapassam? ”. Me diverti imaginando a resposta para àquela questão. Por fim, num dado momento da prova, eu fiquei sozinho, por já ter deixados os que passei para trás ou porque eles já haviam me passado e não restava mais ninguém, e assim foi até o fim da prova: eu, eu mesmo e minha bike. Por incrível que pareça, eu tinha um sorriso já armado nos lábios, para usá-lo no final, ao passar na linha de chegada. Enfim, após exatas 3 horas, 59 km, 619 m de altimetria e 2.839 calorias consumidas, eu passei no pórtico e completei a prova. Foi um pouco decepcionante, só um pouco, pois não havia quase ninguém, todos já se encontravam na cerimônia de premiação ou já estavam arrumando as bikes e indo embora, mas já era esperado.
Não esperariam pelo sorriso vitorioso de quem chega por último. Mesmo chegando em último lugar em minha categoria (se não no geral) eu tentei subir no pódio, para uma foto, mas ele ainda estava sendo usado para a cerimônia de premiação e estava cansado demais para esperar. Havia dado tudo de mim (de verdade). Pedalei trechos com cãibras em ambas as pernas, em trechos de subida, mas sabia que se eu parasse talvez as pernas “travassem” de vez e eu não seria capaz de continuar. Eu não parei! Em um dado momento da prova, decidi que o meu desafio pessoal não seria a minha colocação e sim completar o percurso sem pôs os pés no chão, por nada desse mundo. Decidi que era proibido cair, fraquejar em subidas e empurrar a bike e assim foi. Também decidi que não havia espaço para receios.
Assim, desci às ladeiras íngremes sem frear, algumas a 48 km/h, enfrentei os obstáculos sem pestanejar, usei toda a minha parca técnica para passar por todas as sessões com uma dificuldade mais elevada e não caí. Quando via uma subida a minha frente, humildemente esperava o momento certo e colocava a marcha mais lenta e subia a passos de tartaruga manca, mas subi todas. Meu ritmo cardíaco médio estava sempre alto, eu realmente estava no meu limite, na verdade eu o ultrapassei umas duas vezes, em umas subidas mais íngremes, e o Garmin marcou algo como 108% do máximo (meu novo recorde). Mesmo sofrendo, como nunca havia sofrido antes, em cima de minha magrela eu estava muito feliz em estar ali, em enfrentar aquele desafio, em me superar. Aquele era meu sofrimento e não abriria mão dele. A música me ajudou muito. Sei que não é indicado usar fones de ouvido em provas, pode ser perigoso, mas nesta eu decidi que meu Yurbuds iria comigo. Acho que foi uma decisão acertada. Findado tudo, encontrei meu filho e minha esposa, que me esperavam, dei um beijo em cada um, falei rapidamente de como havia sido a prova e decidimos ir para o hotel. Depois de um banho, muita reidratação e um descanso, coloquei a minha bike no carro e voltei para casa. Enquanto dirigia de volta pensava: “Bom, essa eu terminei. Agora vamos treinar direito para as próximas”. Fica aqui o meu relato e um vídeo que fiz da prova. Aproveitem.