quarta-feira, 27 de abril de 2016

Como ajustar suas suspensões: um guia "completo"

Um problema comum para quem tem uma bike "full suspension" (as bikes quem têm amortecedores dianteiros e traseiros), ou até mesmo quem possui uma "hardtail" (àquelas apenas com amortecedor dianteiro),  é saber como ajustar corretamente os dois pilares principais do funcionamento correto das suspensões modernas: o "SAG" e o "rebound". O "SAG" refere-se a quanto o curso do amortecedor, de uma suspensão, é alterado sem resposta à carga estática do ciclista. Difícil? Bom, que tal assim: o SAG é quanto o amortecedor encurta (afunda) em resposta ao peso do ciclista, quando ele está sentado na sela da bike, em relação ao máximo que pode encurtar. Geralmente o SAG é descrito como a percentagem, em relação ao curso total do amortecedor, que o peso estático do ciclista foi capaz de deslocar. Por exemplo, em um amortecedor que tem 100 mm de curso total, quando o ciclista ficou em cima da bike, sentado numa posição estática (sem se mover), o curso foi alterado em 25 mm.  Assim, neste exemplo, o SAG foi de 25% do curso total (Fig. 1). 

Fig. 1
Obviamente, há amortecedores com vários cursos, como 80 mm, 100 mm, 120 mm, 160 mm ou até mesmo 220 mm, dependendo da modalidade a que a bike se destina. Como pode-se concluir intuitivamente, o SAG depende do peso do ciclista e da pressão de ar dentro do amortecedor (no caso dos amortecedores modernos, que usam ar em uma câmara interna para amortecer o impacto). Assim, para cada peso (ciclista + bike + equipamentos que o ciclista leva) a pressão do amortecedor deve ser ajustada para se obter um determinado SAG. Geralmente, a maioria dos fabricantes de suspensão determinam três níveis de SAG, um para cada necessidade do ciclista ou condição de pista, que tornam o amortecedor mais "suave (macio)" ou mais "firme". Para muitos fabricantes, um SAG de 15-20% é considerado firme, um de 20-25% médio e 25-30% macio. 
Fig. 2
Escolher que nível de SAG você vai usar em seu amortecedor depende de sua preferência
Fig. 3
pessoal, do nível de conforte desejado ou de quão agressivo você quer pilotar e depende também de que terreno você vai enfrentar. Cada fabricante indica um nível de SAG para cada relação peso/pressão para seus amortecedores. Por exemplo, a FOX  recomenda um nível de SAG de 15% para uma suspensão firme e 20% normal (Fig. 2). 
Verifique no site do fabricante de sua suspensão essa informação. 

Fig. 2
Lembrem-se que algumas suspensões tem ajustes de compressão do amortecedor, isso é, pode haver um sistema que trava da suspensão (Fig. 3) ou um sistema que deixa-a mais firme (Fig. 4) com múltiplos ajustes (como as da FOX). Neste caso é importante saber que o SAG deve ser ajustado com a suspensão no modo "aberta"/"destravada" (no caso da FOX: "descend").

Neste vídeo (abaixo) você poderá ver como é feito o ajuste de SAG de uma suspensão dianteira na prática.


Apesar de existirem vários modelos de suspensões traseiras, o procedimento para ajustar o SAG é muito semelhante e pode ser visto neste outro vídeo. O áudio é em espanhol, mas dá para acompanhar e entender bem.



Já o "rebound", que pode ser traduzido como retorno ou rebote, significa a velocidade com que, após ser comprimida, a suspensão volta para o seu curso original, após a absorção de um impacto pelo amortecedor. De uma forma semelhante ao que ocorre no ajuste do SAG, percebam que para cada modelo de suspensão, peso do ciclista e nível de SAG há um ajuste de "rebound" (retorno/rebote) correto. Inclusive, na prática, primeiro deve-se ajustar o SAG para depois ajustar o "rebound". O "rebound" não deve ser nem lento demais,  nem rápido demais, pois haverá problemas relacionados às duas situações. Se o "rebound" for muito lento, isto é, se a suspensão demorar muito a retornar ao seu curso original, após amortecer um impacto, logo logo, em uma sucessão de amortecimentos/impactos, o curso da suspensão atingirá o seu máximo, pois há uma soma de compressões sucessivas, levando a perda da capacidade de amortecer impactos ou mesmo à quebra da suspensão (ela possivelmente estoura). Já se o "rebound" for muito rápido, isto é, se a suspensão é muito rápida em retornar ao seu curso original, após amortecer um impacto, ela perde a capacidade de amortecer impactos adequadamente (parece que você está segurando uma britadeira com as mãos), também você perde tração e a estabilidade ao conduzir a bike. Neste vídeo (abaixo), legendado em português, você aprenderá como ajustar propriamente o "rebound" da suspensão traseira de sua bike (inclusive o autor do vídeo, um Português, entende muito de suspensão).


Já o ajuste do "rebound" para a suspensão dianteira é um pouco mais trabalhoso de fazer. Entretanto, nesse vídeo abaixo, um técnico da FOX lhe mostrará uma forma de fazê-lo. O áudio está em inglês, por isso farei umas considerações: o objetivo é que você ajuste o nível de "rebound" (click a click) até um ponto em que, após comprimir e soltar a suspensão (tem que fazer um movimento bem rápido com os braços) o pneu não salte do chão, apenas a suspensão volte ao seu curso original. Comece com o "rebound" o mais rápido possível e vá testando após cada click.


Neste último vídeo faremos um "resumo da ópera". Também está em inglês, se você não é proficiente nesta língua, então se concentre apenas nos passos, já que já está ciente do passo-a-passo para fazer os ajustes.




terça-feira, 26 de abril de 2016

Sol do Salitre 2

Esse final de semana a CPP BIKE TEAM participou da segunda edição "Sol do Salitre", a segunda corrida de aventura do calendário para 2016 do Circuito de Aventura Rio da Integração, o CARI. Foi uma prova muito boa, mas dura de completar na integra. Basta dizer que todas as equipes que competiram tomaram corte por tempo. Cometemos alguns erros táticos e de estratégia, mas isso é normal em corridas de aventura. O mais importante é que nos divertimos muito! Foi mais uma experiência para nosso time e mais uma medalha de participação. Ainda faltam mais 3 provas do CARI e estamos ansiosos por participar. Acompanhem como foi neste vídeo.

domingo, 10 de abril de 2016

Um Ironman em minha família

Esse fim de semana, em Palmas-TO, foi aberto a série de eventos do Circuito Ironman no Brasil em 2016, com o “Ironman 70.3 Palmas”. Integrante de um calendário de mais de 90 provas Ironman 70.3, o “70.3 Palmas - South American Championship 2016” teve o percurso de 1,9 km de natação, 90.1 km de ciclismo e 21.1 km de corrida na cidade de Palmas-TO.

O Ironman 70.3 Palmas foi organizado pela Latin Sports e realizado pela Associação Brasileira Esportiva Social e Cultural Endurance (ABEE). Contou com o patrocínio da Mizuno e apoio da Prefeitura Municipal de Palmas, Federação Tocantinense de Triathlon, Gatorade, AquaSphere, Integralmedica, Shimano e TriSport.
Foi um grande evento, contanto com participação de mais de 800 triatletas do Brasil, Chile, Suíça, Dinamarca, Grã-Bretanha, Austrália, Alemanha, Colômbia, Polônia, Argentina, Espanha, Venezuela, Noruega, entre outros, totalizando 13 países. Canadá. O britânico Tim Don e a canadense Magali Tisseyre venceram a prova neste domingo. Paulo Roberto Maciel, em sexto, e Ariane Monticeli, em sétimo, foram os melhores do Brasil.
Dentre os amadores que disputaram a prova, um destaque será dado ao meu amigo e concunhado Sillvano Florentino Lopes, que concluiu a prova em 6h34m, ficando em 134° na sua categoria e 609° no geral. Ele me convidou para participar dessa aventura, mas com certeza eu não estava à altura desse desafio. Fica para outra. Parabéns ao triatleta Sillvano Lopes pela conquista. 




Imagens: Globo Esporte; MundoTri; Fabiana Pires

terça-feira, 5 de abril de 2016

Pedalar sozinho

Muitos de nós pedalamos sozinhos por aí, isso se dá por vários motivos: horários inconiventes, agenda apertada, falta de companheiros com disposição para nos acompanhar, metas especificas para os treinos, etc. O fato é que há vantagens e desvantagens de se treinar sozinho. Na minha opinião, pedalar sozinho, às vezes, é um mal necessário (às vezes uma boa). Pedalando sozinho você determina o seu ritmo, vai para onde quiser, sai a hora que quiser, não tem de esperar por ninguém, para ou não segundo sua conveniência. Muitos de nós treinam sozinhos, pois isso funciona, porque nos encontramos em uma maior intimidade com nosso corpo, porque ele nos diz até onde ir e em que ritmo.
A disciplina necessária para treinar só é a mesma necessária para acordar cedo, preparar as suas tralhas com antecedência, planejar o que fazer e como fazer, treinar duro, em si. A pedalada “solo” é introspectiva, é intima, ela conecta você você a sua bike da mesma forma que o pedal-clip, ali só há você, ela, a estrada e seus objetivos. Muitos, se não a maioria, dos ciclistas treinam sozinhos, mas nem tudo são flores em se treinar só. Pedalar sozinho às vezes é tedioso, solitário, desmotivador. O ritmo é ditado por você, por isso, algumas vezes, você ficará na sua zona de conforto. Por ir sozinho, às vezes bate aquela preguiça e você desiste em cima da hora, afinal de contas ninguém está contando com você e nem lhe esperando para ir pedalar. É tedioso, sobretudo quando o circuito é conhecido e você o faz constantemente. Alguém me disse uma vez que devemos alternar entre lugares a pedalar, mas as vezes isso traz umas complicações, já que sair sozinho para um local onde você não está habituado a ir pode ser potencialmente arriscado. O fato de pedalar pelos mesmos lugares, mesmos circuitos e trechos, permite observar a sua evolução e isso pode ser útil, mas as vezes é chato. Pedalar sozinho é potencialmente perigoso e arriscado. Sim, sobretudo tendo que dividir a pista com os motoristas que temos. Você pode sofrer um tombo, pode sofrer escoriações, quebrar um osso e não ter ninguém para ajudá-lo. Pode ser menos grave, como quebrar a bike, ter problemas mecânicos, ou outros relacionados à bike e ficar à mercê da sorte.

Tem também os roubos. Andar em grupo pode desencorajar meliantes que desejam a sua bike, enquanto pedalar sozinho pode contrariamente encorajar o delinquente a tentar tirá-la de você. Acho que para um ciclista, que ama a sua magrela, não deve haver nada mais revoltante, triste e desolador que ver um sujeito a levar sua bike em um assalto. Deve ser terrível. Bom treinar sozinho pode te levar a conhecer essa sensação. Mas, quem não se arrisca, não treina. Se ficarmos pensando em tudo que nos pode acontecer de ruim em pedalar, em praticar o ciclismo, nem sairíamos de casa. O fato é que treinar é preciso. Algumas dicas, que eu jugo boas, para quem tem, ou quer treinar sozinho, são: sempre avise em casa para onde vai (percurso) e que horas você acha que chegará em casa; dê preferência às estradas que são “movimentadas” (nem tanto, nem tão pouco), sobretudo as que outros ciclistas treinam (em caso de problemas, ajuda sempre é bem-vinda); mantenha sua bike sempre em boas condições; leve sempre consigo àquilo que precisar para o percurso (comida, água, dinheiro, câmara extra, bomba, ferramentas, etc.) para não ficar no prego; obedeça as regras de transito, mesmo que os outros não o façam; esteja sempre atento (evite ir pedalar com os pés clipados e a cabeça nas nuvens); seja intuitivo e crie suas próprias regras de precaução. Me lembro agora de uma letra de uma música dos Engenheiros do Hawaii que combina com o texto: “ando só, pois só eu sei andar, sem saber até quando. Ando só”. Pedale só ou pedale acompanhado, mas pedale, pois pedalar é incrível. 

domingo, 3 de abril de 2016

Pedal do fim de semana: diversão e superação

"Pessoal, amanhã, todos no Catavento para a pedalada do sábado! O roteiro segue no mapa abaixo...sintam-se convidados! Caso pretendam outro percurso, "peguem o beco"...pois não aguento mais o de sempre N10-Pedrinhas". Com essas palavras alheias, o destino do grupo foi selado. Mais um sábado, mais um pedal. Para o grupo (na sua maioria), o destino, ou os caminhos, pouco importavam. Nem tão pouco importava a distância, mas para Fernando sim. Para um iniciante (ou reiniciante) para onde se vai, o nível de dificuldade e quantos km serão percorridos são informações essenciais. Fernando, recém reincorporado ao time, havia retornado aos pedais há pouco, na verdade seria seu 3° pedal pelas trilhas daqui, prontamente disse: "eu acredito que estou pronto para essa trilha". É claro que ele não estava, pelo menos não terminaria a trilha "sorrindo", mas terminaria. Me lembro bem do sofrimento de percorrer as minhas primeiras trilhas, do cansaço, das dores na perna, do sol, do suor. Não me entendam mal, é sempre incrível, sempre bom, mas sobretudo no final, quando chegamos em casa. Existe um intervalo de tempo entre a saída e a chegada em que duvidamos se vamos aguentar, mas quando conseguimos terminar o percurso descobrimos que expandimos o nosso horizonte alguns km a diante e isso é mágico. Bom, foi a vez do destemido Fernando ampliar seus horizontes, conseguindo romper a barreira dos 50 km. Meu amigo, é só o inicio. Parabéns e continue.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

A despedida

Havia pensado muito no assunto, sobretudo nos últimos dias, e a decisão estava tomada: era hora de dizer adeus à Rebeca. Agora que escrevo, pensando e repassando os acontecimentos do dia em minha cabeça, é que tomo consciência de que sentirei a falta de minha “road bike”, a minha quase exclusiva Merida Reacto 400, minha Rebeca. Sim, sentirei sua falta, mas não, não o bastante para mudar minha decisão. O vazio que ela deixará será preenchido por minha mais amada ainda Scarlett (Scott Spark 950+), disso eu tenho certeza, mas em muitos aspectos Rebeca será insubstituível. Hoje pela manhã foi dia de pedalar com a Rebeca e logo ao sair de casa percebi que o céu já sabia de minha decisão, pois, atipicamente, ele estava nublado, cinza, carregado com nuvens de chuva.
O céu estava refletindo a mim mesmo. Saí de casa para o que seria minha última pedalada com a Rebeca. A medida que os km se passavam, assim como o tempo também, as gotas de chuva, poucas gotas de chuva, caiam do céu, como um pranto em função da tristeza. Entretanto, mesmo que estivesse me indagando se tomara a decisão mais correta, a tristeza foi dando espaço à alegria, à euforia, e à medida que eu pedalava, que aumentava o ritmo e elevava a velocidade, para sentir o asfalto passando rápido por sob meus pés e o vento soprando em meu rosto, mais eu me alegrava.
Em um dado momento, comecei a sentir um ardor nas pernas que junto com o frio da manhã me proporcionavam uma sensação mista de cansaço e disposição. Bom, explicando melhor (sem romantizar), há cerca de um ano, eu me tornava o feliz proprietário de duas belas bikes, uma ‘road bike’ e uma ‘mountain bike’. A ideia era simples: ter acesso a dois mundos do ciclismo. O plano era treinar durante a semana com a ‘road’, pelo asfalto, e pedalar de MTB nos fins de semana, pelas trilhas. Mas, também, e desde o princípio, a função da ‘road’ era treinar para me condicionar para o MTB, usar a ‘road’ para poupar a MTB (já que a manutenção da ‘road’ era irrisória em comparação a minha full-suspension), manter a ‘road’ original enquanto customizava e melhorava a MTB. Assim, de uma certa maneira, a Rebeca sempre foi “a outra”, então a decisão de ficar apenas com a minha Scarlett era algo esperado. Aqui, na minha cidade, o asfalto é deplorável, assim andar de ‘road’ é meio prazer, meio tortura. Vibrações e solavancos a parte, como a ‘road’ era usada para o condicionamento pró-MTB, o meu estilo de pedalar com a Rebeca era voltado ao giro (pouco
usava o coroão, ia só de coroinha), à manutenção de elevadas rpm, a usar mais o cardiorrespiratório que a força das pernas. Uma ‘road bike’ não foi feita para isso (que maldade minha)! O “pessoal da speed”, daqui de minha cidade, nem mesmo me conhece, pois eu pedalava com a Rebeca sozinho (na maioria das vezes), e assim eu não participava da cultura do asfalto. Também, é fato, eu não conseguia rodar muito rápido com a ‘road’ (não tenho força para isso), os meus percursos eram curtos (40-60 km), pois os fazia no meio da semana (quando dispunha apenas de 1,5-2,0 h para pedalar), já que os fins de semanas eram reservados para o MTB, o que me desencorajava a me juntar aos donos de “rodas finas”.
Enfim, não me adaptei à ‘road bike’. Com tudo isso, além de eu ter verdadeira ojeriza em possuir coisas as quais são subutilizadas por mim, decidi por abdicar da propriedade de minha ‘road bike’, minha Rebeca. Não sei se pelo clima de despedida, se pela sensação de dever para com ela, em fazer uma última pedalada à sua altura, ou simplesmente porque eu quis, foi uma excelente pedalada: rápida, forte e vigorosa. Assim me despedi dela. Chego ao fim de uma “era” e “era uma vez” eu de ‘speed’. Adeus minha Rebeca, que seu novo dono esteja à sua altura, lhe ame, lhe trate bem e que você voe com ele, pois você foi feita para a velocidade.