segunda-feira, 20 de abril de 2015

Medo do drop

Há pouco mais de um mês, me tornei o feliz proprietário de uma Merida Reacto 400, uma “road bike” (bicicleta de estrada), e desde então ela é minha fiel companheira, da terça-feira a sexta-feira, nos pedais da semana. Pedalo entre 1,0-1,5 horas por dia, obedecendo uma sistemática de treino que me permite usar até 70% de minha frequência cardiorrespiratória máxima (isso significa estar em 60-70% da FCmax, chamada de Zona 2). Bom, obviamente para treinar assim é necessário usar um ciclocomputador com um frequencimetro, no meu caso um Garmin Edge 1000, e neste caso você começa a se familiarizar com sua frequência cardíaca (FC) nos vários momentos do exercício. Não se aborreça ainda com a narrativa técnica, não vou anunciar o produto nem a sistemática de treino, mas preciso apresentar essas informações para o que tenho a narrar a seguir. Pois bem, uma coisa que é interessante de se falar é de como um ciclista que só pedalava de MTB se sente quando experimenta uma “road bike”, ou “speed” como é mais popularmente conhecida. Tudo é esquisito no início, você estranha a leveza da bike, como ela é susceptível ao vento lateral, como os pneus extremamente cheios (100-120 psi) torna bike ‘dura’, como a falta de suspensão transfere cada impacto gerado das imperfeições e ondulações do asfalto para o seu corpo, da velocidade que se consegue chegar e principalmente da posição em que se pedala. Há três pontos, no guidão e adjacências, onde as suas mãos podem segurar e cada um desses pontos muda a forma de se posicionar sobre a road bike. Pode-se segurar na barra do guidão, que é a posição mais relaxada do ciclista, onde o mesmo está com seu tronco o mais ereto possível, sendo essa a posição menos aerodinâmica possível e a que mais se parece com a posição do MTB. Pode-se segurar na alavanca do passador de marchas/freio (do inglês “shifter/brake levers”), que é a posição mais comum, a em que o ciclista permanece por mais tempo em cima de uma speed e a que obriga-o a se reclinar para frente de forma a aumentar a aerodinâmica e reduzir o arrasto aerodinâmico gerado pelo vento frontal. E por fim, pode-se segurar nos “drops”, que é aquela parte curvada, em forma de gota, da extremidade do guidão das speeds. Usando os drops o ciclista fica em sua forma mais aerodinâmica sobre a bike, com menor área de contato com o vento frontal, e fica bastante reclinado sobre a bike, quase como se estivesse deitado sobre a mesma. Durante esse tempo, que tenho rodado de speed, poucas vezes cheguei a tocar nos drops e menos ainda segurei-os de pé na bike, que é essencial para fazer mais força e ganhar velocidade. Percebi que cada vez que eu desço as mãos da manopla de mudança para os drops a minha FC aumenta de 10-15 bpm (batimentos por minuto) do nada, denotando que, provavelmente, ainda não tenho confiança em fazer o uso deles e o pior: tenho medo de fazê-lo. Sei que isso deve ser motivo de risos para os ciclistas mais experientes (eu, pelo menos, morro de rir comigo mesmo toda vez que acontece), mas não posso enganar o meu coração. Cada vez que tento a minha FC aumenta, fico muito tenso, e provavelmente vai ser assim até eu me acostumar com a posição, com a ideia de ver o chão tão de perto como quando se está nos drops. Como estou treinando sozinho, devido aos meus horários, não posso contar com os conselhos e dicas de ciclistas de estrada mais experientes e assim conto apenas com minhas impressões. Como para mim tudo é novo, sobretudo de road bike, as minhas impressões são tudo o que tenho e é aquilo que compartilho aqui. Até mais.


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