sexta-feira, 17 de março de 2017

Malditos tiros

Essa semana o meu treinador me disse uma frase que eu já esperava ouvir, mas mesmo assim, saber que esse dia chegaria não amenizou a sensação. Ele me disse: "Ei, essa semana os seus treinos vão ficar mais duros". E assim foi. Quando ele me enviou a planilha de treinos semanais, eis que estavam eles lá: os treinos de tiros! Eu teria que correr um pouco (1500 m) para aquecer e depois teria que dar 10 tiros de 200 m (dando tudo), com intervalo de descanso de 2 min, e depois ainda teriam mais 5 tiros de 100 m (dando o que restava), com intervalo de 1 min. Terça-feira acordei cedo, como o de costume, me aprontei e sai para treinar. Enquanto rolavam os 1500 m de aquecimento eu pesava em quão duro seria aquele treino. Quando faltavam poucos metros para dar inicio ao primeiro tiro, de uma serie de 15, a ansiedade começou a atacar, mas, uma vez que o Garmin desse a deixa, seria hora desparar. E lá fomos nós! A intervalos de 2m35s (tempo de um tiro, que durava 30-35 s, mais os 2 min de descanso entre eles) eu ia do inferno ao ... purgatório (O que?! Pensou que eu iria dizer céu? Nem de longe). Eu nunca vi 200 m mais longos e 2 min mais curtos na minha vida. A cada nova série o cansaço aumentava, mas bravamente eu dizia a mim mesmo: "só faltam..." e um a um eles foram passando, numa contagem regressiva para a salvação, até que cheguei a fase de arrefecimento (desaquecimento).
Pronto, eu havia conseguido! No final, me lembro de ter pensado: "não foi tão ruim assim", mas não se enganem (eu estava mortinho e esse pensamento deveu-se a minha mente estar com hipoglicemia e com pouco oxigênio, provavelmente) foi ruim sim! Quarta foi um treino regenerativo. Realmente eu precisava, pois tinha mais ácido nas minhas pernas do que em uma bateria de carro. O pior que enquanto eu corria, supostamente me "regenerando", com dores musculares nas coxas, eu me lembrava que na quinta-feira teria que passar por tudo aquilo novamente (tiros novamente). Surpreendentemente, na quinta, mesmo me sentindo ainda cansado, o treino foi duro, mas me senti melhor que na terça e executei-o com louvor. Não me entendam mal, foi muito duro (é um treino em que a sensação é de que você vai desmaiar a cada repetição), mas eu o fiz mais "facilmente". A conclusão é que, a cada novo desafio vencido suas fronteiras deslocam-se mais adiante. Me sinto muito mais forte, mais preparado a cada semana. Foi duro, mas as dores diminuem. Sofro, mas curto o sofrimento, pois sei que esse é o caminho para melhorar e é pra lá que eu quero ir.




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